A ansiedade é uma condição clínica que vem se tornando cada vez mais presente na população em geral. A ansiedade pode comprometer de forma significativa o desempenho e a funcionalidade das pessoas no desenvolvimento de suas atividades de vida diária, profissional e até mesmo no meio social. Pode ser considerada como um sentimento caracterizado por medo, tensão ou desconforto decorrente da antecipação de perigo ou de algo desconhecido.
O esporte de alto rendimento naturalmente expõe os atletas a um ambiente competitivo com um alto nível de cobranças e de sobrecargas emocionais. A pressão para atingir metas, para entregar um bom rendimento e bons resultados, os compromissos profissionais e a pressão muitas vezes exagerada por parte de alguns torcedores. Adicionalmente, as condições inadequadas de concentração antes dos jogos, sequências de derrotas, alterações do sono, lesões, bem como atrasos no pagamento de salários e outros benefícios. Todos esses fatores podem elevar aos limites os níveis de estresse psicológico nos atletas.
Além da ansiedade, o estresse apresenta-se como uma reação do corpo a situações de perigo, conflitos e problemas da vida cotidiana. Isso pode provocar reações físicas, emocionais e biológicas no corpo, oferecendo uma maior resistência ao equilíbrio homeostático do organismo. O estresse, entretanto, pode desencadear respostas fisiológicas positivas que preparam o organismo para uma atividade, aumentando o foco e a atenção, a motivação e a melhor utilização dos substratos energéticos. Negativamente, o estresse pode interferir no desempenho físico, mental e comportamental dos atletas, uma vez que pode levar a respostas fisiológicas indesejadas, como aumento da frequência cardíaca, hiperventilação, dificuldade de concentração e tomada de decisões que podem convergir para quadros de ansiedade.
No entanto, a experiência dos atletas apresenta-se como um fator fundamental para a o controle da ansiedade, uma vez que os atletas mais longevos apresentam níveis de ansiedade menores em comparação com os atletas mais jovens. Os níveis de ansiedade também podem variar de acordo com o tipo de competição, sendo mais elevados durante os jogos do campeonato em comparação com partidas amistosas.
As posições também influenciam nos níveis de ansiedade dos jogadores de futebol, sendo os goleiros e os zagueiros quem apresentaram maiores níveis de ansiedade pré-competitiva. Essas posições exigem mais responsabilidades na defesa, sendo aquelas com maior responsabilidade na hora de evitar os gols do time adversário, são posições que demandam treinamentos exaustivos, e por vezes são os principais alvos de críticas por parte da torcida e da mídia quando a equipe sofre uma derrota, acarretando em maior pressão sobre esses jogadores.
No contexto esportivo, observa-se que a ansiedade tem uma influência determinante para o sucesso dos atletas. No futebol, o desempenho do jogador depende de uma complexa interação entre diversos fatores, principalmente os aspectos psicológicos, físicos e técnicos. Estes aspectos vão determinar a capacidade do jogador compreender e executar uma das principais exigências do jogo, a tática de jogo.
Como já mencionado, os atletas mais jovens são aqueles que sofrem mais com a ansiedade no meio esportivo, e existem fatores capazes de influenciar tanto positiva quanto negativamente o estado de ansiedade desses atletas no futebol. Especialmente para os jovens atletas em início de carreira, há diversos fatores positivos que estimulam a participação no futebol de alto rendimento. Visto que a jornada para alcançar esse cenário do futebol não é fácil, esses fatores podem ser melhor observados e tratados, para que que se possa conduzir os jovens em um caminho mais produtivo, onde o comportamento e as atitudes possam ser moldados para que não comprometam a futura profissionalização dos mesmos. Um acompanhamento psicológico adequado e profissional faz-se necessário para amenizar os quadros de ansiedade, permitindo que os jovens atletas possam jogar o jogo com maior tranquilidade e atingir assim o seu maior potencial e alcançar o futebol profissional de alto rendimento.
REFERÊNCIAS
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Bicalho et al. Fatores da Ansiedade Identificados para Atletas da Categoria Juvenil de Futebol. Revista De Educação Física / Journal of Physical Education., v.85, n. 2, 2016.